05/01/2007

When the sun goes down...

O quarto permanecera intacto como se nada por ali passasse. De facto, desde que ele ali entrara, tudo se mantivera como se a sua presença fosse igual à de todas as outras criaturas que o habitam. Nem mesmo o choro que se instalara quando ligou a música os pareceu afectar. Já estariam habituados, de qualquer forma, a estes rituais. Habituados à sua solidão! Durante o dia quase ninguém lá para e, quando as luzes se apagam, a presença dele é como uma melodia triste, quase inexistente.
No meio do pó, os livros sussuram entre si, tentando acompanhar as melancólicas e já conhecidas melodias entoadas pelas colunas encostadas à janela. Essas, dizem eles, têm sorte ainda: conseguem admirar o mundo exterior para além daquele quarto abafado e sombrio ao qual os outros pertencem como que um bando de palavras ou um emaranhado de folhas esquecidas pelo tempo...

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