20/04/2009

Desabafos

Não queria ter de voltar a escrever o que quer que fosse, não por estas razões. Não é fácil voltar ao mesmo, tentar acreditar numa justiça imposta, quando a injustiça duma vida paralela ao sentimento assalta o pensamento, enchendo-o de vontades, de emoções, desejos e sensações.
Os dias voltaram a escurecer, como se a luz da tua presença se apagasse, deixando de iluminar o caminho que nos acompanhava. É certo que o continuamos a percorre-lo de mãos dadas, sempre com um sentimento presente nos olhares mútuos, espontâneos, mas com uma ideia contrária à vontade. É a maldita injustiça das vidas que se cruzam, destinadas a não se encontrarem. E, por um acaso delicadamente precioso, nos mantemos um ao lado do outro sempre a sorrir. E é o teu sorriso que me dá a certeza da vitória final. Vitória moral, física ou apenas sentimental, o certo é que o sentimento que nos une não esmorece a ânsia de um futuro apenas a dois, independentemente da nomenclatura que lhe atribuis. E não é por um passado sombrio que se faz manter presente no pensamento, que o sentimento que te falo e que bem conheces (também o tens presente) deixa de existir. Apenas se esconde com receio de sair magoado no final da história. E nesse final que te falo, talvez o possas sentir… Talvez percebas a sua importância para o desenrolar da história toda… Talvez o possas usar como catapulta que envie o passado para o seu lugar: um canto refundido nos confins da história da tua vida… Essa, mais importante que qualquer outra coisa no meio destas palavras todas é reflexo daquilo que realmente sentes, e aí, depois de o perceberes, talvez possas sorrir completamente… Esse sorriso pelo qual me fascinei, pelo qual corri e pelo qual continuo a correr como se fosse o primeiro dia.
Por agora, deixa-me ser reles e vulgar, deixa-me meter contigo. Apetece-me um piropo já muitas vezes repetido. Apetece-me ver-te sorrir com parvoíces minhas, como as primeiras. Apetece-me fazer-te esquecer de tudo menos do teu coração:

“Acreditas no amor à primeira vista ou preciso de passar à tua frente outra vez?”


João Amorim

[20-04-09]