15/01/2008

Refúgios...

Já há muito que se habituara a refugiar-se nesse quarto, acompanhado pelo som melancólico anunciado pelas duas colunitas que ali habitavam.
Olhava uma e outra vez para a desorganizada disposição de pincéis, tintas e telas, para os seus instrumentos musicais, todos à espera de uma pontinha de inspiração. Se pudessem falar pediriam-te só mais um sorriso, um olá que fosse, ou mesmo até um beijo... Algo que o fizesse acordar do estranho sono de saudade que se apoderara dele sem pedir autorização.
A música, essa continuava, sorrateiramente, a preencher os cantos que permaneciam vazios, vazios de ti, apesar de nunca teres preenchido aquele espaço.
Porém ele continuava a sonhar... Sonhava que um dia te mostraria o seu canto, o seu refúgio... Os seus devaneios de inspiração, as suas companhias nos momentos de solidão... Sonhava poder partilhar-te com as suas telas, representar-te em tantos outros retratos...
Uma mensagem tua devolve-lhe o sorriso e fá-lo acordar.. De volta à realidade apercebe-se que apesar de se ter perdido no tempo, apenas passara breves minutos desde a última vez que tinha olhado o relógio. Suspirou fundo e olhou pela janela.. A chuva continuava a cair em grossas pingas...
Num suspiro, pegou no casaco e preparou-se para sair... Iria enfrentar o mundo tal como ele é, sem medo e preparado para a luta. A certeza era só uma, bom mesmo é continuar a receber o teu sorriso....