30/05/2006

Os Demitidos - Jorge Palma

"Estás demitido, obviamente demitido
Tu nunca roubaste um beijo
E fazes pouco das emoções
És o espantalho dos amantes.
Estás demitido, obviamente demitido
Evitas a competência
Não reconheces o mérito
És o pilar da cepa torta!

E assim vamos vivendo
Na província dos obséquios
Cedendo e pactuando enquanto der
Filósofos sem arte, afugentamos o desejo
Temos preguiça de viver...

Estás demitido, obviamente demitido
Subornas os próprios filhos
Trocaste o tempo por máquinas
Tu és um pai desnaturado.
Estás demitido, obviamente demitido
Arrasas a obra alheia
Às vezes usas pseudónimo
Tu és um crítico de merda

E assim vamos vivendo...
Na província dos obséquios
Cedendo e pactuando enquanto der
Filósofos sem arte, afugentamos o desejo
Temos preguiça de viver...

Estás demitido, obviamente demitido
Encostas-te às convergências
Nunca investiste num ideal
Tu sempre foste um demitido
Tu sempre foste um demitido
Já nasceste demitido!"

22/05/2006

22-05-06

Vidas compostas por rascunhos emaranhados num molho de rabiscos e palavras... Linhas e traços que a tinta da caneta vai deixando gravado em meia dúzia de papeis espalhados por todo o lado. E tentamos emergir desta confusão de papelada na esperança de criar um conjunto de histórias, passando os dias a tentar ordenar todos os risquinhos e palavras... Mas a própria existência não deixa de ser um grande rascunho duma grande história de experiências! É simplesmente a vida como ela é!

21/05/2006

Porque continua a fazer sentido...

Sometimes...
Às vezes tudo parece tão estranho. A vida atravessa-nos, escapa-se por entre os dedos quando a julgamos segura nas nossas mãos. E tudo o que parecia simples se torna complicado, tudo o que parecia certo aparece agora com errado.
Às vezes o mundo parece ruir, desabar diante de nós, à frente de todos, deitando abaixo tudo o que anteriormente havia sido construído.
Sempre me disseram que a vida dava muitas voltas... Esqueceram-se de me dizer que essas mesmas voltas seriam capazes de levar todos os sonhos com elas.
Às vezes tudo parece distante. Passa tudo por nós sem se voltar, sem voltar. Às vezes custa olhar para o vazio e deixar-se ficar nesse manto escuro, perdido.
'Sorri', dizem-me às vezes,' não é o fim do mundo. Apenas mais uma etapa da tua vida.' No entanto, às vezes, apetece-nos saltar etapas, trazer o tempo a dar uma volta, brincar com ele, pregar-lhe uma partida, deixa-lo exausto, para que, às vezes, pudesse parar, parando tudo com ele.
Às vezes o que nos resta é papel e uma caneta, um pedaço amarrotado onde nos escondemos, fugindo de todos os às vezes que teimam em aparecer por todo o lado. E apenas e só às vezes, talvez os às vezes que surgem, podem parecer eternos. E quando eternos se tornam os às vezes, talvez nos possamos soltar deste pedaço gasto e amarrotado de papel e ser felizes, outra vez...
Às vezes, só às vezes...
(04-04-05)

20/05/2006

20-05-06

Papeis amarrotados num amontoado de histórias preenchem os cadernos que se acumulam durante os tempos que passam, histórias (re)escritas tentando (re)inventar vidas passadas, situações vividas, tempos idos... Soluções teimam em não aparecer. Respostas por dar assombram os problemas que cismam em ficar. E volta-se à mesma história de sempre, tudo num ciclo vicioso... Saídas? Que saídas? A questão aqui é: será que temos capacidade e coragem para mudar, para lutar?

18-05-06

Espera, não vás... Deixa-te ficar só mais um bocado.
Mantenho os olhos fechados para não te ver partir, para manter-te à minha frente. O teu perfume ainda paira no ar e, no entanto, há muito que deixaste de habitar este espaço... Apenas te limitas ao meu pensamento. Sim, se calhar sou eu que não te deixo sair, mas sinto a tua falta... Sorris mais uma vez e deixas-te ficar, só mais um bocado, só por mim. Fecho os olhos mais uma vez e continuas a sorrir. Afinal continuas comigo...

19/05/2006

15-05-06

No silêncio da escuridão tento manter-me desperto. Não é que eu não queira adormecer, apenas não quero ter que sonhar contigo... Ver-te sorrir ao meu lado e ficar preso nos sonhos! Não, não posso! Não quero cair mais uma e outra vez. E, no entanto, aguardo por um sorriso, um olhar. Um pequeno gesto, a suavidade com que me tocas, me chamas, me cativas... Anseio por um encontro, um só, por mais pequeno e furtivo que seja... [No entanto] anseio por te ter aqui...