03/04/2008

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Ao fim ao cabo, ele apenas tentara devolver aquilo que lhe ofereceras. Era pelo menos uma tentativa de retribuição… Tinhas-lhe restituído o azul e o amarelo, o vermelho e o verde, e ele queria mostrar-te…

Nem sempre tudo lhe sai certo, já o sabes, mas agora sentiste-o na pele. No entanto, após mais uma nota fora da escala, voltou a atinar com a vossa melodia… E, com um sorriso, oferecia-te (de novo) o mundo, o seu mundo. A tela onde desenhava os seus traços e linhas é-te novamente oferecida.

Tu, ainda cabisbaixa, não sabias como reagir. Estaria tudo ainda quente par um só sorriso? Talvez não. E cedeste…

Num outro pedido de desculpas, ele mostra-te o que pode ser teu. Pobre em actos, mas rico em sentimentos, embrulha o seu coração em papel de jornal (não havia mais nada à mão…) e dá-to junto com um papel meio amarrotado cheio de palavras (palavras das que falam, cantam, riem, choram e beijam… As que mais gostas nele). Com um sorriso ainda ténue e furioso, aceitas, suspirando, mais uma vez, tocada por aquele gesto. Reclamas e dizes que te dá sempre a volta da mesma maneira, mas reconheces que é a única forma que ele conhece de se por a teus pés e entregar-se.

Não é uma vitória para ele, ambos o sabem. É apenas uma rendição (de classe, claro está, porque mais ninguém consegue fazer brilhar o teu sorriso por detrás das tuas lágrimas só com meia dúzia de palavras) … A melodia que ele entoa enquanto lês aquilo que te escreveu é prova disso. Mais uma luta que ambos ultrapassam com a certeza que, mesmo que haja próximas (não há mundos perfeitos e o dele não é excepção), o ciclo continua apenas porque há uma espécie de espírito guerreiro que os une (mais que isso, é chamado de sentimento) … E assim se vai construindo os castelos de areia, tentativa após tentativa, reconstruindo o que o mar acaba por deitar abaixo…

(01/04/2008)