26/06/2008

26-06-08

Bastava uma palavra e tu já sabias o que irias ler... A escrita dele não tinha mais segredos para ti, mas mesmo assim continuava a surpreender-te, continuava a fascinar-te. Ensinava-te a não pensar, apenas sentir, tal como ele o fazia, como ele o descrevia nas suas palavras. E tu deliciavas-te com elas. Via-lo a sorrir através delas....
Sorrias também... Esse sorriso envergonhado e ao mesmo tempo convencido. Sim, sabias muito bem que ele já só escrevia para ti, desde aquele primeiro texto, aquele primeiro olhar, o primeiro sorriso. E adoravas ser o centro da escrita dele. Comparava-lo ao outro, o das multiplas personalidades... O que consiguia brincar com as palavras para mostrar um sentimento apenas....
Ele, por outro lado, já quase não dava por ela que escrevia. Apenas sentia e deixava sair esse sentimento. Era a maneira de te mostrar tudo, o seu mundo; de te mostrar que eras tu o seu mundo.

"We might make love
in some sacred place
that look on your face
is delicate..."

17/06/2008

Menina da cara de anjo

Escusas de fazer esse sorriso inocente.. Sabes bem que já lhe deste a volta. Ou então foi o acaso que vos deu a ambos. O que é certo é que ele já não consegue pensar em nada senão em ti, no teu sorriso. Na cabeça dele já só há as vossas conversas, as coisas pequenas e simples que tu, (se calhar) inocentemente, dizes. As tuas palavras tornam-se as dele para agora ele as passar para o papel da maneira que tu mais gostas.
A vossa história é agora não mais que um conjunto de palavras que ele tenta organizar num sentimento, numa mistura melódica de frases, entoadas em Dó menor de sétima, com acordes daqueles que soam bonito e simples mas difíceis de reproduzir para toda a gente (excepto para vós)...
E tu sorris enquanto lês as suas palavras. Revês-te em cada uma delas como se fosses tu mesma a escrevê-las. Anseias (se calhar tanto quanto ele) por vê-lo uma vez mais, para mais uma troca de olhares, uma troca de sorrisos, mais uma troca (inocente?) de palavras...
Ele, por sua vez, deseja por mais... Tem fome de te ver, fome do teu sorriso, fome de um beijo que seja, de um carinho teu apenas.
Sem coragem para dar mais um passo, vão continuando a picardia. Tu deixas-te levar sem nunca avançar. A luta que travam entre vós continua aberta à espera que um de vós ceda e ponha, finalmente, todas as cartas em jogo. Mas continuas a não querer dar de ti. Continuas, inocentemente, com essa carinha de anjo a fingir que nada se passa, apesar de ambos quererem o mesmo...


(17-06-2008)

15/06/2008

(re)começos

Tinha prometido a si mesmo não voltar a situações já repetidas e pelas quais tinha tantas vezes desanimado. No entanto, agora era-lhe difícil fugir a toda esta situação. A imagem do teu sorriso percorria-lhe mais uma vez o pensamento. A memória do último (e para já único) café não o largava, restituindo-lhe o sorriso que há algum tempo tinha desaparecido.
Tu, inocentemente (ou talvez não) fazias-te mostrar presente. Ele, por sua vez, conseguia respirar fundo, ver o mundo a cores, sorrir de novo. O nervoso miudinho aumentava à medida que a ansia de te voltar a ver crescia.
Até a música, até agora sombria e chorosa, parecia mudar de cor e juntar-se a ti numa cumplicidade estranha e, ao mesmo tempo, sedutora. O concerto que querias ter visto soava-lhe nos ouvidos e ele apenas desejava que tivesses estado lá, só para te mostrar o seu mundo, os seus sonhos, o seu sentimento. O beat da bateria fazia eco do seu coração.
Mas calma!! Não queria voltar ao mesmo, não queria ter que cair mais uma e outra vez. Mas a tua música falava mais alto. As surpresas deste (teu) concerto eram cada vez mais inesperadas e saborosas. A maneira como compões a melodia deixa-lhe uma réstia de esperança num sorriso apenas. E como alguém costumava dizer: era apenas mais um sorriso, um só sozinho, que assim luzindo poria fim à tempestade.

[09-06-08]