31/10/2007

Just the same old song...

Olho-me no espelho e revejo-me nas mesmas situações de sempre, como um peregrino que volta a casa após mais uma jornada e repara que tudo ficou na mesma.
Ainda há dias dizias-me que me vias com um sorriso. E num sorriso (teu) davas-me a certeza de tudo... Mas agora, neste silêncio, a imagem que enfrento só me coloca dúvidas... Bem que me aponta o dedo e me faz perguntas (daquelas que não consigo responder, apenas porque não tenho coragem), acusando-me de tudo. Maldita razão que a assiste!
No entanto, lá fora, o sol convida-me para um outro sorriso. Olho para a tua imagem e tu, como se quisesses mostrar que estás presente, associas-te à ideia e tornas-te seu cumplice.

28/04/2007

Ciclos....

Parou o tempo! E tudo o que existia parou também, admirados com esta celebração! E um abraço, que manda tudo de volta à realidade, faz-nos acreditar que não é um sonho... O mundo passou agora a girar à nossa volta, tudo sorri para nós! Mantenho-te nos meus bracos, fecho os olhos e sinto-te sorrir. Sorrio também. Sabe tão bem voltar a viver!
[27-07-05]

23/01/2007

Vontade(s)

Afinal sempre tinhas razão: era uma questão de vontade! E tu sorris quando digo isto, sei-o bem. No fim de contas és capaz de gostar tanto de mostrar aos outros (os que te rodeiam) aquilo que podem fazer como de o fazeres tu própria. E voltaste a mostrá-lo, até porque gostas de pegar pontinhos nas histórias que encontras.
Mas naquele dia a história ficou para trás... Nem percebi porquê! Apenas apareceu no meio de tanta outra coisa e eu só notei uma pontinha, uma presença, como que um risinho tímido de quem se quer fazer notar. E quando voltei a olhar, já lá não estava. Perdeu-se!
Vim a entender hoje que afinal tinha sido eu a perder-me. A história, no entanto, de certeza que continua ligada àquele jardim. Repousa no banco verde como todas as outras que por ali ficaram abandonadas ou esquecidas como quem espera algo. Mas eu não, não me esqueci! E tu voltaste a lembrar-me.
Volto ao parque à procura e reparo que afinal era apenas vontade, vontade de escrever, de deixar tinta no papel, de contar o que se tinha passado, apenas vontade de dizer algo. Era Apenas Mais Um como o outro, o primo (teu)...

Sim, mais um sorriso teu confirma que afinal era uma vontade (como as tuas). E era riso, era criança, era liberdade! Era apenas Vontade!

(Porque gostas disto e de tudo... E vontade não te falta. Afinal, apenas escreves!)

09/01/2007

Cores...

Havia dias assim, escuros e sombrios. De facto, nos últimos tempos eram mais noites que dias. Noites frias e melancólicas assombradas pela presença de memórias e lembranças.
Mas comecemos pelo início (ou pelo menos por este capítulo, a história é longa, remonta a tempos um tanto longínquos). Desta vez apareceste (ou fui eu que apareci... Não importa, ninguém o soube...) e trouxeste, por momentos, o cheiro a amarelo e azul, a verde, branco e vermelho. Voltou a saber a mar e a cheirar a verão. Voltou o brilho do olhar da criança que brinca no jardim. Ou pelo menos assim o senti (ou pensei)... Tão certo como o facto de teres voltado foi a certeza de não o teres feito. Não como eu queria. (Re)apareceste simplesmente, ou talvez nunca tivesses partido... Apenas reapareceu a tua imagem e o teu cheiro. E eu, como se quisesse, permiti a invasão (ou se calhar até a forcei). E agora não te quero ver partir...

05/01/2007

When the sun goes down...

O quarto permanecera intacto como se nada por ali passasse. De facto, desde que ele ali entrara, tudo se mantivera como se a sua presença fosse igual à de todas as outras criaturas que o habitam. Nem mesmo o choro que se instalara quando ligou a música os pareceu afectar. Já estariam habituados, de qualquer forma, a estes rituais. Habituados à sua solidão! Durante o dia quase ninguém lá para e, quando as luzes se apagam, a presença dele é como uma melodia triste, quase inexistente.
No meio do pó, os livros sussuram entre si, tentando acompanhar as melancólicas e já conhecidas melodias entoadas pelas colunas encostadas à janela. Essas, dizem eles, têm sorte ainda: conseguem admirar o mundo exterior para além daquele quarto abafado e sombrio ao qual os outros pertencem como que um bando de palavras ou um emaranhado de folhas esquecidas pelo tempo...

02/01/2007

Miradouro...

Ele olhou para o fundo da rua na esperança que ainda viesses... Num suspiro virou costas e subiu, cabisbaixo, a rua em direcção ao largo onde tantas vezes estiveram juntos. Uma sequência de memórias enchiam-lhe a cabeça. Histórias passadas eram agora não mais que um conjunto de imagens agarradas a todo aquele espaço onde se encontrava. Um banco, que muitas vezes tinha servido de testemunha de tantas outras histórias, parecia-lhe agora estranhamente vazio e solitário. Voltou a olhar para trás numa última tentativa de te encontrar... Como um último desabafo admirou o tão característico cinzento citadino e, num choro silencioso deixou-se levar pelo mundo da saudade num emaranhado de memórias...