25/10/2006

Lamentos...

A vidraça reflectia o tom acastanhado e cinzento da rua enquanto ele fazia de conta que prestava atenção ao que tinha pela frente. A música repetia-se (talvez já propositada), mantendo no ar o lado melancólico deixado por uma saudade que teima em ficar agarrada a esta história ... Os acordes entoados no silêncio do seu pensamento continuam sem deixar partir imagens há muito gravadas na memória, desde o tempo em que ambos corriam, brincavam e riam como se fossem só crianças... Um sussurro vindo duma janela aberta, esquecida no tempo, torna-se num sopro furioso levando os rascunhos que lhe tentara escrever como simples folhas abandonadas de suas arvores... E um suspiro lembra que a música chegara ao fim para, de seguida, retomar outra vez o seu lamento como se de um choro se tratasse...


"Não posso ser só eu a dar sentido à razão 
Vais ter que vir tu e arrancar-me a escuridão..."


(sim priminha, saudade... essa saudade - saudade palavra, saudade sentimento, saudade alma, saudade simplesmente)

21/10/2006

E levantara-se naquela manha igual a tantas outras... Por muito que quisesse não poderia fugir por muito mais tempo. Ambos já tinham esgotado todos os limites do jogo que mantinham há demasiado tempo. No entanto as forças escapavam-se e sabia muito bem que todas as palavras que ele tinha imaginado no dia anterior não teriam cabimento na mais que adiada conversa. Tudo aquilo que tinha previsto parecia agora irreal e o que viesse era completamente incerto.
Olhou pela janela e respirou fundo numa tentativa de ganhar coragem! E sorriu...

"Let the rain pitter patter
But it really doesn't matter
If the skies are gray
As long as I can be with you it's a lovely day."